quarta-feira, 8 de março de 2017

DIA INTERNACIONAL DA MULHER (Numa perspectiva Naturista)





“Muitas mulheres consideram os homens perfeitamente dispensáveis no mundo, a não ser naquelas profissões reconhecidamente masculinas, como as de costureiro, cozinheiro, cabeleireiro, decorador de interiores e estivador”.
(Fernando Veríssimo)

Seria cômica, se não fosse trágica, a assertiva bastante apropriada de Fernando Veríssimo acima descrita. Sem dúvida alguns avanços foram conseguidos na luta para emancipação da mulher, por outro lado, teve e ainda tem um preço alto a considerar.

A mulher nos dias atuais cuida da sua casa, da família, do trabalho (direito também conquistado com muito suor e lágrima) e de si mesma. Pronta no horário para deixar e pegar o seu filho na escola, ir ao supermercado e não podemos esquecer do Shopping. O resultado não poderia ser outro, estresse. Ah! Sim, a gente pede que elas arrumem um tempinho para leitura de um bom livro também. Só pode ser uma piada de muito mal gosto!

O jornal “A Gazeta” do dia 07/03/10, um dia antes da comemoração do Dia Internacional da Mulher, Elaine Vieira publica sua reportagem com o título “Quer fazer a sua mulher mais feliz? Dê tempo pra ela!”, mostrando claramente que a falta de tempo prejudica até o sono delas. Podemos então, questionar os seus limites e se as conquistas foram até agora libertadoras ou se na realidade afirmamos o machismo (que não deu certo nem nas administrações das empresas) e um sistema econômico que ficou privilegiado por reduzir seus gastos com a folha de pagamento.

As mulheres brasileiras recebem, em média, salários 34% inferiores aos dos homens, a maior diferença registrada entre os 20 países pesquisados para um estudo divulgado nesta quinta-feira pela Confederação Sindical Internacional (CSI), com sede em Bruxelas. O Brasil ocupa pior colocação em ranking de diferenças salariais entre os sexos.

Fazendo uma pesquisa minuciosa na internet, a maioria cita o direito a voto e ao trabalho como conquistas, não deixa de ser verdade, mas, o direito de ser tratada em iguais condições ainda não foi conquistado. A liberdade de expressão dos seus instintos deixa de existir, fica escondida nos valores ditados por normas sociais que preconizam a mulher como a mais bela da criação, mas não as deixam livres. Sabemos, biologicamente falando, que os prazeres sexuais tanto do homem quanto da mulher são neurológicos, portanto, naturais, não existem motivos para o separatismo.

Divisões estas que chegamos ao disparate de classificar carros para uso feminino e outros para masculino, sem falar em perfumes, e tantos outros produtos colocados à venda. Interessa a quem essas divisões sem fundamento científico algum? Somente para finalidades mercantis. É interessante separar o corpo da mulher para ser vendida em forma de revistas pornográficas, filmes e moda. Já dizia Luz del Fuego: “O mundo tem sido o grande palco da hipocrisia...”

A percepção desse jogo não é para todas as pessoas, é preciso mente e corpo livres. É necessário entender que é no conjunto (macho e fêmea) que faz a vida se manifestar naturalmente. Numa carta-depoimento da Prof.ª Sonia Maria Braucks Rodrigues ao Paulo Pereira em seu livro “Corpos Nus” ela diz: “Assim, o homem tem duas atitudes equivocadas em relação ao seu próprio corpo: vestiu-o e despiu-o em nome de culturas não-naturistas. Tanto a roupa como a nudez como atitudes não-naturais, servindo do propósito do consumo voraz”.

As roupas sempre esconderam o que era para ser visto como natural, ficamos reféns dos valores sociais que ditam as regras e não nos deixam ver que o corpo humano, na realidade, é o templo da alma. Passamos a ter um culto obsessivo ao corpo que o tempo, com certeza, irá nos frustrar e trará sérios danos à saúde físico-mental. Allan Kardec já tinha feito a seguinte observação: “Apegando às aparências, o Homem não distingue a vida além do próprio corpo, esteja embora na alma a vida real; aniquilado o corpo, tudo se lhe afigura perdido, desesperador.”

O equilíbrio entre mulheres e homens nas áreas naturistas sempre é bem vindo, não necessariamente uma pré-condição. Os homens foram beneficiados com a sua liberdade desde cedo, ainda bebê, enquanto as mulheres estão ainda adquirindo seus espaços. Com muita dificuldade tentam vencer seus bloqueios pessoais que lhe foram impostos todo esse tempo, não existe felicidade onde não há liberdade. Na verdade, o naturismo não é somente processo de regressão ao passado (dos irmãos aborígines), mas também é uma evidência de progresso.

No naturismo a mulher é colocada numa condição nobre e igualitária, não há porque ser diferente. No entanto, a sua resistência tem demonstrado ser maior do que a dos homens. Acredito que, por pressões sociais e familiares, se preocupam com conceito de moral. A nudez humana não tem nada de imoral, simplesmente é natural. É bom que busquem informações de fontes confiáveis do que representa esse movimento no mundo. É uma questão de conscientização que infelizmente ou felizmente é preciso ler e sair da ignorância.

Tenho em minhas mãos, depoimentos de pessoas que viveram e tiveram experiências com os índios por longo tempo. Estes nunca viram agressões às suas crianças, e estão nus. Enquanto não são poucos os casos que são observados em nossa sociedade, dita moralista, dos abusos sexuais as quais tem sido as nossas infringidas. Eu pergunto: Que tipo de educação tem sido dada às nossas crianças que valorizam mais as roupas do que seu próprio corpo? Quanta doença!!!

Estamos comemorando mais uma vez o Dia Internacional da Mulher, as futuras gerações estão em suas mãos. Então que sejam de mãos generosas e de mentes livres para que tenhamos menos agressões e mais amor. Que a liberdade consciente e de respeito seja, não somente para as mulheres, mas um objetivo a ser alcançado de todas as nações. Que homens e mulheres possam entender que, unidos representam melhor a imagem de Deus.


Evandro Telles
07/03/10



Esse artigo foi escrito no ano de 2010 e no ano de 2016 “O Globo” publicou em:
BRASÍLIA - As disparidades salariais entre gêneros persistem como um obstáculo para o empoderamento econômico das mulheres e a superação da pobreza e a desigualdade na América Latina, advertiu nesta terça-feira a Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a respeito do Dia Internacional da Mulher.
Embora a diferença salarial entre homens e mulheres tenha diminuído 12,1 pontos percentuais entre 1990 e 2014, as mulheres recebem, em média, apenas 83,9 unidades monetárias por 100 unidades monetárias recebidas pelos homens, de acordo com a CEPAL. Se a remuneração recebida por ambos os sexos por anos de estudo é comparada, observa-se que elas podem ganhar até 25,6% menos do que seus colegas do sexo masculino em condições semelhantes, disse que o instituto regional.


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