sexta-feira, 14 de março de 2014

NUDISMO/NATURISMO - UM PASSO PARA A AUTOACEITAÇÃO




Muitas pessoas as quais convido para conhecer mais de perto o Naturismo me dizem que primeiro teriam que emagrecer e tornar seus corpos esbeltos, mas isso nunca acontece, seja como for, não se aceitam do jeito que elas são, estão sempre se comparando com alguém. Fatalmente é uma perseguição ilusória, uma desculpa para esconder suas frustrações.

Uma pesquisa realizada pela organização sem fins lucrativos Action of Happiness – em colaboração com a Do Something Different – desafiou 5 mil pessoas a fazerem um ranking de 1 a 10 com os hábitos que mais consideravam “chaves para a felicidade”. Todos os 10 hábitos colocados como opções desta pesquisa estavam estreitamente relacionados com a satisfação geral das pessoas com a vida. Mas, segundo os cientistas, a “autoaceitação” é o fator mais fortemente ligado a esse sentimento. E que, curiosamente, foi o hábito menos relacionado entre os entrevistados, revelando que é algo que as pessoas praticam muito pouco ou quase nada. Por quê? Porque o nosso maior hábito de todos é procurar a felicidade do lado de fora quando, na verdade, ela está dentro de nós mesmos. (1)

Para a professora Karen Pine, psicóloga da Universidade de Hertfordshire e cofundadora da Do Something Different, a pesquisa mostra é que praticar a autoaceitação é o que mais pode fazer diferença no nível de felicidade de uma pessoa. Segundo o Dr. Mark Williamson, diretor da Action of Happiness, “nossa sociedade coloca uma enorme pressão sobre nós para sermos bem sucedidos e nos compararmos constantemente com os outros. E isso causa uma grande quantidade de infelicidade e ansiedade”. (1)

Essa semana uma integrante do Grupo Naturismo Capixaba me informou que irá fazer um depoimento num jornal local (Vitória-ES) relatando como o Nudismo/Naturismo a tirou do seu estado depressivo. Não é incomum acontecer tal transformação, Viegas Fernandes da Costa em seu artigo “Sobre a Nudez Social” cita: “Assim, ao despir-me, na Praia do Pinho, reconheci a “graça” em mim, o “cuidado de si” não para atender às necessidades estéticas do outro, mas para a minha conciliação comigo mesmo, em um processo de reconhecimento da minha integralidade.”

O praticante do Nudismo/Naturismo encontra-se a um passo para sua autoaceitação na medida em que se tem o reconhecimento que as diferenças corporais constitui na impossibilidade da existência de um padrão a ser seguido. Marcelo Gleiser em seu livro “Criação Imperfeita” faz a observação de que deveríamos ter outra noção de beleza a partir das nossas imperfeições, pois “são essas diferenças que tornam a vida interessante. A mensagem que a física de partículas e a cosmologia moderna nos ensinam é clara. Somos produtos de imperfeições da Natureza”. (2) (3)

Na natureza um casulo quando se rompe sai a mariposa. Com o homem parece ocorrer justamente ao contrário, ele nasce uma mariposa e logo entra no casulo, é enjaulado e aprisionado, seu ser espontâneo sofre, e não pode sair disso. Por isso há tanta patologia. (4) As dificuldades de deixar o corpo livre por causa dos seus condicionamentos sociais tornam-se também problemas psíquicos e não é difícil encontrar psicólogos consultando com outros psicólogos, não é estranho isso?

Mas a vida é mesmo estranha. Aqui às vezes os reis são mendigos e os mendigos são reis. Não se deixe enganar pelas aparências. Olhe para dentro. O coração é rico quando palpita com alegria, o coração é rico quando está em harmonia com a natureza, com a lei fundamental da vida. O coração é rico quando você está em harmonia com o todo; essa é a única riqueza que existe. Do contrário, um dia você vai chorar e dizer: “É tarde demais...” (4)

Essa integralidade com a natureza há muito vem sido defendida pelos nudistas/naturistas como uma porta para a autoaceitação, um meio de realizar uma cisão de que a felicidade depende de um corpo perfeito. Infelizmente mal compreendidos pela sociedade e não é por acaso que somos minorias.


(2)   Marcelo Gleiser; Criação Imperfeita
(3)   Dr. Amit Goswami; O Médico Quântico
(4)   Osho; Fama, Fortuna e Ambição


Evandro Telles